O pinto perto da pia. A pia perto do pinto.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tenho notado uma certa ausência de estilo nas coisas que eu escrevo. Acho que isso não é por acaso e em ano de vestibular a única coisa que se pode fazer é pirar mesmo. Os meus pedidos de atenção e as minhas chantagens emocionais, já não surtem o mesmo efeito e são cada vez mais frequentes. Provavelmente algum trauma (ou alguns) fez com que eu me tornasse o que eu sou hoje.
Muitas pessoas não me conhecem; alguns julgam até eu mesma não me conhecer e ser tão perdida quanto alguém na Praça do Correio procurando qualquer lugar para dormir. Daí elas chegam silenciosamente, sem fazer barulho algum, às 3 horas da madrugada quando as pessoas dormem e só você está acordado.
As crônicas - eu amo essa palavra, minha nossa. Elas transformam o universo do leitor de uma maneira única e rápida. E naquelas duas páginas eu me encontro. Preciso fazer uma homenagem, sem desmerecer os outros gêneros, mas colocando em evidência todo o seu "não efeito". Sabe o que é? Percebi o quanto é interessante fazer sem algum propósito. Quando nós vamos ao mercado, compramos no mercado e voltamos do mercado e por mais incrível que pareça, ficamos felizes só por irmos ao mercado. Quando vamos tomar um sorvete, pedimos o sorvete, abrimos o sorvete, olhamos no relógio, o sorvete pinga no chão, chegamos na casquinha do sorvete, nos melecamos, olhamos novamente no relógio - sujo de sorvete, terminamos o sorvete e ficamos felizes mesmo sabendo que fomos com o objetivo de tomar sorvete e conseguimos. As nossas felicidades são muito pequenas.
O planejamento é necessário, mas não é preciso planejar pra ser feliz. Ser feliz é reconhecer em qualquer coisa: em um desafio, em um amigo mudado, na saúde e na tristeza, na alegria e na doença, em todos os dias de nossas vidas o quanto nós podemos ser verdadeiramente felizes.
As crônicas, minha gente, fazem isso. Só quem já leu uma crônica e pôde admirar-se por parecer que o autor disse o que você sempre quis falar - uma grande besteira como aquele momento em que você olha para um ponto fixo e não consegue piscar, apesar de querer olhar pra outro lugar que não seja um traseiro; só quem já leu e que tem essa sensação de "ele está falando comigo" é que pode ser mudado. Perceber pode ser uma maneira equivocada, mas nós com certeza "nos acrescentamos" no que chamamos de nós.

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