O pinto perto da pia. A pia perto do pinto.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coisas que eu também não sei

Hoje eu quero falar sobre "felicidade" e juro não querer provar nada porque as coisas não importam e nem se fazem importar. Algumas pessoas entenderão o que eu quero dizer, outras vão desistir de entender antes de começarem a ler e inventarão qualquer desculpa só porque este assunto é grave por natureza e ninguém gosta de encarar uma pergunta tão pessoal - devo admitir que eu sou bem menos esperta do que todo o mundo acha e sou, concomitantemente, mais esperta do que eu acho ser. Eu estou entre eu e vocês. Eu sou o nós...

O que é felicidade?

Eu poderia colocar o termo entre aspas: a diferença entre as aspas e a ausência de qualquer sinal que indicaria ser essa uma indagação à respeito do conceito é enorme, gigante, gritante, é quase nula de tão grande.
Há um tempo eu até considerava essa idéia da felicidade ser momentânea. Chegou um dia que eu chupei sorvete, o mesmo sorvete colorido de outra vez, um dia que eu estava com uma pessoa agradável, pessoa que já esteve comigo antes ou quando o dia foi lindo, tal como outro dia que me fez suspeitar que fosse até o mesmo. A verdade é que eu não era a mesma, mas o sorvete, a pessoa e o dia eram os mesmos sim. Passei a investigar o "mas".
Também não acho que a felicidade é um sentimento porque seria muito cruel estar feliz ou triste, do mesmo modo que se está vivo ou morto na brincadeira ou frio ou quente quando escondemos algo. Falando em esconder algo... sobre o que eu estava falando mesmo? Ah! Algumas pessoas se escondem atrás dessa hipótese porque é mais cômodo depender de algo que não se controla. Admitir que nós somos as únicas pessoas capazes de fazer algo pela nossa felicidade parece absurdo.
Para que isso não fique com tanta cara de auto-ajuda (sim, eu tenho preconceito) vou logo ao ponto que eu quero chegar: a felicidade é momentânea não por depender desta ou daquela coisa pra existir, é exatamente o contrário: ela deve independer de qualquer circunstância pra existir. A felicidade é uma possibilidade, quase como um elemento solto entre outros que pode ser combinado com qualquer um deles. Ou descartado e fim.
Manter-se nesse estado (ou transformá-la em um, como queiram) é uma busca, vem daí a discussão sobre qual verbo deve anteceder a "coisa": ser x estar. E é aí que esbarramos noutra confusão: ser feliz não é NECESSARIAMENTE estar satisfeito.

Ser feliz é buscar, é obrigar-se algumas vezes, ser feliz é tomar sorvete em dia quente, é tomar sorvete em dia frio, ser feliz é estar doente e não poder tomar sorvete, ser feliz nem tem a ver com sorvete... porque ter câncer, ver alguém desistir de você, morrer de um dia pro outro, ser triste, chorar, sorrir, chorar de tanto rir, rir depois de chorar muito também é ser feliz. Eu nunca questinei qual dos dois verbos antecede o SER FELIZ porque a felicidade, se pensarmos bem, sempre esteve no ser - o difícil é admitir.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Teorias

Não sei mesmo de onde eu tiro essas idéias. Se é do que chamam de "experiência" ou da necessidade de encontrar qualquer lógica nessa "falta de experiência" (aos 19 anos eu não poderia ser mais vivida) - o que importa é que eu tenho uma porção delas.
Por que todo o mundo acredita ser capaz de mudar outra pessoa? Será que isso tem mesmo a ver com compaixão ou CONTINUAMOS a provar mais coisas que dizem a nosso respeito e usamos esse argumento para testar? Explico.
A verdade é que dificilmente um sujeito admite querer mudar alguém. É normal adotar a luta por uma causa quando esta está revestida de impessoalidade. Apontar "X" como alvo de nossas provocações é arriscado, caimos na ladainha de "gostar do jeito que a pessoa é" - o que não significa, em português bem claro, porra nenhuma. Este gostar é tolo. Cadê o expírito de crítica construtiva, meu povo?! "Gostar do jeito que a pessoa é" é admitir que nada do que ela fez, faz, fará e até faria provocaria uma marola na relação; é ainda gritar ao mundo o modo que você mesmo gostaria de ser visto pelos outros - justificando seus defeitos, seus delitos e, ocasionalmente, algum assassinato. E pior: é pôr um ponto final em qualquer discussão. Fora que sabemos que apesar desse discurso maravilhoso, as meninas deverão continuar usando saias abaixo dos joelhos e os rapazes não poderão em hipótese alguma olhar para os bumbuns de meninas com saias censuradas.
Os livros, os filmes, as peças, os quadros, as esculturas, a poesia: não mudam nada, nem ninguém. Todas essas formas são apenas ferramentas. A arte engajada não tem ego para ser inflado e isso a diferencia de nós que somos capazes de mudar qualquer coisa. Não, nós também não somos capazes, mas gostaríamos muito...
A única pessoa que muda quando pretende mudar alguém é a pessoa que pretende mudar alguém.
Mudar está no "permitir-se mudar", está no ouvir o que a outra pessoa tem a dizer e considerar aquilo, predisposto à transformação. Mudar também é não mudar.

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E todas essas teorias vagam até que encontram na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê provas que as desaprovem.

Daí eu mudo e calo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Férias

Tive vontade de postar ontem, voltei hoje.

Nunca disse como eu me importo com você.
Fizemos um bolo de chocolate, assistimos um filme e conversamos durante quatro cigarros. Ou cinco, ou trinta, não sei. Essa conversas infinitas sempre foram nossas porque você sempre esteve presente. E os assuntos sempre duraram mais que os maços.
Do tipo de coisa que nós percebemos o quanto é bom de fazer só quando fazemos. Vejo em você uma genialidade sensível e uma compreensão testável. Vê em mim uma certa admiração desconfiada, uma cumplicidade necessária e uma distância maravilhosa.
Quero sempre compartilhar minhas desconfianças com andarilhos sem ter que dividir com nenhum outro.
Eu mecresço, medefino, mepredisponho. E nunca te disse o quanto me sinto culpada por achar graça da sua derrota.

Obrigada, de Dirceu.