O pinto perto da pia. A pia perto do pinto.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Teorias

Não sei mesmo de onde eu tiro essas idéias. Se é do que chamam de "experiência" ou da necessidade de encontrar qualquer lógica nessa "falta de experiência" (aos 19 anos eu não poderia ser mais vivida) - o que importa é que eu tenho uma porção delas.
Por que todo o mundo acredita ser capaz de mudar outra pessoa? Será que isso tem mesmo a ver com compaixão ou CONTINUAMOS a provar mais coisas que dizem a nosso respeito e usamos esse argumento para testar? Explico.
A verdade é que dificilmente um sujeito admite querer mudar alguém. É normal adotar a luta por uma causa quando esta está revestida de impessoalidade. Apontar "X" como alvo de nossas provocações é arriscado, caimos na ladainha de "gostar do jeito que a pessoa é" - o que não significa, em português bem claro, porra nenhuma. Este gostar é tolo. Cadê o expírito de crítica construtiva, meu povo?! "Gostar do jeito que a pessoa é" é admitir que nada do que ela fez, faz, fará e até faria provocaria uma marola na relação; é ainda gritar ao mundo o modo que você mesmo gostaria de ser visto pelos outros - justificando seus defeitos, seus delitos e, ocasionalmente, algum assassinato. E pior: é pôr um ponto final em qualquer discussão. Fora que sabemos que apesar desse discurso maravilhoso, as meninas deverão continuar usando saias abaixo dos joelhos e os rapazes não poderão em hipótese alguma olhar para os bumbuns de meninas com saias censuradas.
Os livros, os filmes, as peças, os quadros, as esculturas, a poesia: não mudam nada, nem ninguém. Todas essas formas são apenas ferramentas. A arte engajada não tem ego para ser inflado e isso a diferencia de nós que somos capazes de mudar qualquer coisa. Não, nós também não somos capazes, mas gostaríamos muito...
A única pessoa que muda quando pretende mudar alguém é a pessoa que pretende mudar alguém.
Mudar está no "permitir-se mudar", está no ouvir o que a outra pessoa tem a dizer e considerar aquilo, predisposto à transformação. Mudar também é não mudar.

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E todas essas teorias vagam até que encontram na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê provas que as desaprovem.

Daí eu mudo e calo.

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